Friday, August 18, 2006

 

Crónicas do Ilhéu chocarreiro (II)

"Picado", com a devida vénia, de http://janelvira.blogspot.com:
"Sempre que penso no Alberto João Jardim, a única imagem - metáfora - que me ocorre é a de uma verruga saliente no cu de Portugal, daquelas bem feias e que dão muita comichão... E agora que o animal não quer mais comemorar o 25 de Abril, a verruga fica cada vez maior, infectada e fedorenta. Só que, em lugar de operar a tal verruga, parece que preferimos coçá-la ad vitam aeternam... Não consigo entender como é que se chegou até este ponto! De cada vez que o homem abre a boca, sai um disparate pior que o anterior, intolerável na boca de qualquer político que se preze. Mas nada acontece..."

 
Que pouca vergonha!
Sem mais comentários:
"Manuel Lancastre, secretário de Estado do Desenvolvimento Económico, no Governo de Santana Lopes e vice-presidente do PSD, teve o telefone fixo pago pelo Estado até ontem, apesar de ter deixado o Executivo há 17 meses. A situação foi regularizada depois da denúncia do 24 Horas".
(Diário de Notícias/17Ago2006-pag.7)

 
Crónicas do Ilhéu chocarreiro
1. Jardim convida a investir "onde não há bufos"
"Alberto João Jardim apela "aos empresários do Continente que não estejam satisfeitos com aquilo que lá se passa para transferirem o seu domícilio fiscal para a Região Autónoma da Madeira. Aqui nem sequer há bufos", afirmou. Jardim garante sigilo fiscal, já que, na Madeira, ninguém corre o risco de ver o nome incluído em listas publicadas na comunicação social "como querem os socialistas", que é "voltar ao gonçalvismo", disse o líder madeirense na inauguração das piscinas da Escola Básica de Santa Cruz.Para Jardim, "a Madeira reúne todas as condições para que as empresas que o desejem transfiram para a Madeira o seu domicílio fiscal". A Madeira pratica uma tabela de impostos "no limite mínimo que a lei portuguesa, ainda, nos permite mas já é alguma diferença" quando comparada com os valores em vigor no restante território nacional (excepção para os Açores). Em termos de IRC, a Madeira cobra 22,5% enquanto no Continente atinge os 25%. O IVA varia entre os 15%, 8% e 4% na região contra 21%, 12% e 5% aplicados de norte a sul do País. No IRS a diferença representa menos 6 pontos percentuais no escalão máximo. É isto que Jardim tenta "vender", uma forma de dar a volta ao "garrote económico que está a ser feito à Madeira" pelos "socialistas em Lisboa a pedido dos socialistas locais": "Essa gente... tem a lata de, por um lado, nos sufocar e, por outro, nos dizer que não deveríamos fazer as coisas. É preciso ser-se muito canalha para ter atitudes desse género", referiu. O DN sabe que o receio de Jardim tem a ver com a "nova" Lei das Finanças Regionais, mais restritiva e exigente com os governos regionais relativamente à dívida pública contraída, ficando o Estado sem qualquer obrigação de assumir o pagamento desse défice, a exemplo do que aconteceu no passado com António Guterres."
(Diário de Notícias /10 Ago2006)
2.PS quer acção de Gama contra Jardim
"O PS Madeira quer que Jaime Gama, presidente do Parlamento, actue contra Alberto João Jardim. A reacção do PS surge depois de o presidente do Governo Regional da Madeira ter, a propósito da polémica em torno da revisão da Lei de Finanças Regionais, dito que o deputado socialista é um "bandalho colaboracionista". Maximiano Martins escreveu a Gama, pedindo uma tomada de posição da AR perante os ataques desta natureza".
(Diário de Notícias/17Ago2006)





Friday, August 11, 2006

 
Aniversário

Faz hoje 40 anos que foi inaugurada a ponte 25 de Abril.
Bem razão tinha Salazar quando quiz impedir que o seu nome fosse dado àquela obra:
“Os nomes de políticos – considerava Salazar – só devem ser dados a monumentos e obras públicas cem ou duzentos anos depois da sua morte. Salvo nos casos de chefes de Estado, se estes forem reis, porque então se está a consagrar um símbolo da nação. Mas se se trata de figuras políticas como é o meu caso, então há que esperar e se ao fim de cem ou duzentos anos ainda houver na memória dos homens algum traço do seu nome ou da sua obra, então é até justo que se lhe preste tal homenagem”.
Talvez daqui a "cem ou duzentos anos" se consiga, sem paixão, fazer justiça ao notável período em que Salazar foi um estadista clarividente e respeitado pelas nações (hoje já ninguém refuta os méritos do Marquês de Pombal).
Pena foi que se tivesse enquistado nas suas concepções e não tivesse querido (ou podido) acompanhar "os ventos da História".
Obra insuspeita para se conhecer o "casulo" em que Salazar se deixou envolver é a obra de José Freire Antunes "Salazar e Caetano - Cartas Secretas 1932-1968" (edição do Círculo de Leitores Lisboa 1993) que, por outro lado, nos revela em Marcello Caetano um homem extremamente corajoso, desassombrado, sério e competente.

Thursday, August 10, 2006

 

Saramago

Em 1974, como Director de Pessoal da RTP, fui, com o então Presidente da estação, Major Ramalho Eanes, visitar, à noite, os diferentes sectores da Empresa, no Lumiar. A certa altura abrimos a porta de um gabinete e deparámos, lá, com um senhor que, em frente de um monitor, fazia o visionamento e legendagem de um filme.
Dissemos quem éramos e ele, secamente, sem se levantar, apresentou-se: José Saramago.
Pois era mesmo ele: o nosso futuro Nobel da Literatura!
Confesso que não sou grande apreciador do seu estilo (defeito meu, sem dúvida!). Tenho várias obras suas, mas, até hoje, não consegui chegar ao fim de nenhuma (o meu recorde está no "Evangelho segundo Jesus Cristo", onde cheguei gloriosamente até um terço do livro).
O curioso é que o mesmo se passa com quase todas as pessoas com quem falo do assunto: depois de dizerem que "ele é formidável, que etc. etc.", ao fim de algum bocado de conversa, também se descosem e lá dizem que não conseguiram ler nenhuma "saramaguice" até ao fim!...
Será que o nosso Nobel vai ficar para a posteridade?

Wednesday, August 09, 2006

 
Droga & Festivais

Palavras para quê? Tirado do Correio da Manhã de ontem:

"Quatro estrangeiros entre os 22 e os 25 anos, foram detidos anteontem em Idanha-a-Nova, por tráfico de droga no ‘Boom Fest’. Tal como o homem de 28 anos, detido há uma semana pela PJ na sequência da mesma investigação, os detidos vendiam droga numa caravana.
Na denominada Operação ‘Erva daninha II’, a PJ deslocou-se ao festival da música e apanhou os quatro homens a venderem haxixe, MDMA (ecstasy) e cocaína em caravanas que funcionavam como autênticas lojas para os frequentadores do festival.Foram apreendidas milhares de doses individuais de droga, assim como quatro balanças de precisão, moinhos e outros objectos utilizados no tráfico, uma viatura automóvel e 6870 euros em dinheiro.De acordo com a PJ, que contou com a colaboração do destacamento territorial da GNR de Idanha-a-Nova, as operações em festivais que sejam chamariz de jovens vão continuar, de modo a proceder-se “à investigação de organizações criminosas e à detenção de indivíduos que se dedicam ao tráfico de estupefacientes”. A Polícia diz ainda que quer evitar o consumo de droga iniciado, em muitos dos casos, neste género de eventos. Os detidos foram ontem presentes ao tribunal, mas ao início da noite desconheciam-se as medidas de coacção aplicadas."

Quatro estrangeiros entre os 22 e os 25 anos, foram detidos anteontem em Idanha-a-Nova, por tráfico de droga no ‘Boom Fest’. Tal como o homem de 28 anos, detido há uma semana pela PJ na sequência da mesma investigação, os detidos vendiam droga numa caravana.
http://www.correiomanha.pt/

Friday, August 04, 2006

 

Schwartzkopf
A grande, a inultrapassável Elisabeth morreu hoje. Longa vida dedicada à música, faria 91 anos em Dezembro próximo.

Tendo cantado, em ópera, pela última vez em 1971 (Der Rosenkavalier), passou os seis anos seguintes a dar recitais de Lieder (em que era imbatível) por todo o mundo. Depois de se retirar da actividade artística, dedicou-se ao ensino, sendo extremamente exigente e impiedosa para com os frequentadores das suas classes.
Um exemplo disso mesmo, quase anedótico, aparece numa entrevista que, em 1 de Julho passado, deu a Eric Dahan (Libération):
"Un élève, je le fais d'abord travailler sur douze mesures, pas plus. On ne devient pas une Pamina du jour au lendemain, et il faut une grande expérience de la vie pour rendre justice à des personnages comme la Maréchale ou la Comtesse. Il y a également le problème de ces chanteuses qui ont dû arrêter la carrière prématurément faute d'une bonne technique et qui, reconverties dans l'enseignement, transmettent leurs erreurs aux novices. Un jeune Anglais est venu me demander conseil récemment, et je lui ai dit qu'il était trop tard. Dix ans à accumuler des erreurs, c'est fatal pour une voix. Une riche Parisienne est également venue, et je l'ai interrompue au bout de quatre mesures. Je lui ai demandé : «Madame, pourquoi voulez-vous chanter ?» Elle me répond : « Parce que j'adore la musique ! » J'ai alors dû lui dire : «Mais la musique, elle, ne vous aime pas. »".

Para o futuro ficaremos com algumas das suas memoráveis gravações.

Tuesday, August 01, 2006

 





Festival Músicas do Mundo

Às tantas da tarde de Sábado, aceitámos o desafio: e se fôssemos até Sines ver o Festival?
E lá fomos.
As mais desvairadas gentes, alguns certamente "festivaleiros profissionais", reuniam-se junto à praia a ouvir um conjunto do Sahara Ocidental (Mariem Massan).
Barracas de comes-e-bebes, cerveja a rodos, indumentárias as mais bizantinas. Imaginei, pelo aspecto de muitos, quanta droga não andaria no ar...
Depois, já noite, no Castelo, "pagantibus", um espectáculo híbrido: de início "as melhores vozes do folk escandinavo" (Värtinä), um belo trio de cantoras finlandesas acompanhadas por um magnífico conjunto de músicos; seguidamente um ensurdecedor e pretensioso grupo sertanejo, "Cordel do Fogo Encantado", muito aplaudido pelo pessoal mas que de mim não receberia um tostão para o tornar a ouvir. Finalmente, já a cabecearmos de sono, entrou "o príncipe do afrobeat e a sua orquestra" (Seun Kuti & Egipt 80), um grupo nigeriano com muito bom som e melhor ritmo. Entretanto veio o fogo de artifício, os músicos continuaram a tocar e nós arrancámos para Lisboa, com o António a conduzir, tendo chegado por volta das quatro da madrugada.
Lá por Sines, o Festival continuou, na praia, noite adentro, entre música cigana, cerveja e o mais que se possa imaginar.


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